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Carmen Amado Mendes: “Temos capacidade para reunir a massa crítica dedicada à Ásia”

Carmen Amado Mendes: “Temos capacidade para reunir a massa crítica dedicada à Ásia”
Publicado em 25 Novembro, 2020
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Carmen Amado Mendes, académica de carreira, tomou posse como presidente do Centro Científico e Cultural de Macau (CCCM) em Lisboa, substituindo Luís Filipe Barreto, no início deste ano. O Governo português espera que a especialista em Relações Internacionais posicione o CCCM como centro de referência internacional em estudos asiáticos e interculturais e de atividades científicas de referência na cooperação e relação Europa-Ásia. A Professora Associada com Agregação da Faculdade de Economia da Universidade de Coimbra, igualmente membro-fundador do Observatório da China em Portugal, acedeu a conversar com PLATAFORMA sobre o Plano Estratégico da instituição para 2020-2030 e, claro, sobre Macau e sobre a China

Que balanço faz da discussão pública da proposta de Plano Estratégico do CCCM para 2020-2030 apresentada no dia 18 de Setembro?

A sessão correu muitíssimo bem, com a intervenção de investigadores de várias Universidades, jovens e seniores, que demonstraram interesse e empenho em trabalhar connosco na implementação do Plano Estratégico ao longo da próxima década. O debate foi dinamizado por estudantes de mestrado e doutoramento, alguns deles interessados nas bolsas de investigação sobre a Ásia – financiadas pela Fundação para a Ciência e a Tecnologia – que o CCCM irá anunciar em breve. Assinámos protocolos com diversas instituições de ensino superior, incluindo de Macau e da China, e com fundações, agências e associações, com quem estamos a trabalhar. A sessão foi encerrada pelo Ministro da Ciência, Tecnologia e Ensino Superior, Professor Manuel Heitor, muito empenhado em apoiar o CCCM na prossecução da sua missão.

Como estava o Centro quando chegou. Porque razão o CCCM priorizou, nos últimos anos, os estudos histórico-culturais de Macau durante os sec. XVI e XVII? Que outras prioridades podem surgir?

Penso que essa característica foi atingida na área da história, mas há margem para o desenvolvimento de investigação em diversas vertentes: se anteriormente se colocava o enfoque no passado, atualmente os estudos devem ser aprofundados e alargados para a contemporaneidade. Neste sentido, a atividade de investigação prioritária para os próximos anos será enquadrada na perspetiva das Relações Internacionais, embora privilegiando projetos que apresentem ligações a outras áreas, como a História, a Economia ou o Direito. As prioridades incluem ainda a promoção do Museu e a divulgação da Biblioteca e das suas coleções, integrando-as em redes nacionais e internacionais. Vamos, por exemplo, criar uma linha de investigação dedicada ao espólio museológico e documental. Na verdade, o principal obstáculo à implementação de novos projetos é o reduzido número de pessoas que atualmente trabalham no CCCM, mas considero que temos capacidade para reunir a massa crítica dedicada à Ásia existente em Portugal e até nos Países de Língua Portuguesa. A médio e longo prazo, o Centro deverá posicionar-se como um think tank da Ásia em Portugal, um dos principais pontos de encontro das várias entidades públicas e privadas que trabalham estas temáticas, incluindo investigadores e elementos da sociedade civil.

No que é que o CCCM pode contribuir para a lusofonia, em latu sensu?

O Centro, posicionando-se como uma instituição nacional e transnacional, deverá ser percecionado pelas entidades dos Países de Língua Oficial Portuguesa como uma instituição de referência na investigação sobre o Oriente. Poderemos criar uma espécie de observatório para o Mundo Lusófono, que também inclua investigadores desses países. Entre as linhas de investigação a desenvolver, inclui-se o estudo do papel de Macau enquanto plataforma de ligação entre o Ocidente e o Oriente e, mais recentemente, entre a China e o Mundo Lusófono. Em suma, a dinamização de programas de ação científico-cultural que contribuam para o aprofundamento do conhecimento das relações entre a Europa e a Ásia, e entre a China e o Mundo Lusófono.

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