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O que é preciso saber sobre o vírus chinês sem nome: os riscos, os cuidados e como Portugal está preparado

O que é preciso saber sobre o vírus chinês sem nome: os riscos, os cuidados e como Portugal está preparado
Publicado em 17 Janeiro, 2020
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A notícia do aparecimento de um novo vírus num mercado de peixe e marisco em Wuhan, uma cidade no centro da China, causou alarme internacional. Ainda estão frescas as memórias sobre o SARS e do MERS, outros dois coronavírus. Ambos surgidos já no presente século, provocaram um número elevado de mortes antes de finalmente serem controlados. O novo vírus, que por enquanto não tem nome mas provoca sintomas familiares como febre e dificuldades de respiração e já levou a dezenas de pneumonias, não parece ter o mesmo potencial de matar. Das pessoas infetadas já confirmadas, uma morreu e era alguém que já se encontrava gravemente enfraquecido por outras doenças. Em mais de 700 pessoas que tiveram contacto com os doentes, incluindo profissionais de saúde, nenhuma parece ter sido contaminada. No entanto, a possibilidade de transmissão limitada dentro de famílias não está descartada e esta semana a Organização Mundial de Saúde avisou os hospitais de todo o mundo que o novo vírus pode espalhar-se – um receio potenciado pela enorme deslocação de pessoas que vão acompanhar as celebrações do Ano Novo chinês até 25 de janeiro. Em Portugal, a Direção-Geral da Saúde referiu esta quarta-feira que não existem motivos para alarme. O Expresso falou com Raquel Guiomar, que recomenda: “Sempre que alguém se dirija a um hospital ou um consultório médico e tenha uma infeção respiratória, deve referir se fez alguma viagem recente, nomeadamente à China, onde foram identificados os casos deste vírus”.

Que medidas estão a ser tomadas pelo Instituto Ricardo Jorge para enfrentar a potencial ameaça deste vírus?
A nível do diagnóstico laboratorial, que é a missão deste instituto, estamos a seguir todas as indicações dadas pelas redes internacionais, nomeadamente pela Organização Mundial da Saúde, e estamos a estabelecer diagnóstico laboratorial específico para este coronavírus. O diagnóstico recomendado pela OMS foi divulgado terça-feira e estamos a implementá-lo para que rapidamente fique disponível. Além do diagnóstico, estamos a seguir outras orientações da OMS. Em todos os casos suspeitos, e que tenham ligação com a origem do surto, na China, esses doentes e os produtos deles serão testados para os agentes virais mais comuns que estejam associados a infeções respiratórias – e dos quais o instituto tem um vasto número de diagnósticos, nomeadamente a gripe, outros coronavírus humanos, adenovírus para influenza, e também os coronavírus que estiveram associados a surtos no início dos anos dois mil e agora mais recentemente, em especial o MERS e o SARS coronavírus. Em todos estes casos suspeitos é também recomendado fazer uma pesquisa de agentes respiratórios bacterianos e mesmo de outros agentes, como fungos oportunistas. Vai ser esse, portanto, o seguimento. O instituto também já tem implementada uma metodologia que permite o genoma quer de bactérias quer de vírus quer de fungos em amostras biológicas e que permitirá identificar este novo vírus.

Que sintomas pode, levar uma pessoa a chamar a atenção como um eventual portador do novo vírus?
O que tem sido recomendado, não só aos clínicos, mas também aos doentes, é que, sempre que alguém se dirija a um hospital ou a um consultório médico e tenha uma infeção respiratória, deve referir se fez alguma viagem recente, nomeadamente à China, onde foram identificados os casos deste vírus. E, tal como se fazia nos casos suspeitos do MERS coronavírus, tem de se garantir que até à confirmação do diagnóstico laboratorial – como um caso negativo ou positivo – o doente fica em condições de isolamento. Essa avaliação é feita pela Direção-Geral da Saúde e pelos médicos que têm essa função. As primeiras informações davam notícia de que ainda não havia sido confirmado que o vírus se podia transmitir entre humanos.

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