O nome e pensamento político do Presidente da China, Xi Jinping, serão inscritos na Constituição do Partido Comunista Chinês para que a sua ideologia seja estudada pelos 89 milhões de militantes, e muitos outros milhões de chineses. Com esta decisão, aprovada por unanimidade no encerramento dos trabalhos do 19.º Congresso, esta terça-feira, o estatuto do actual Presidente ascende ao nível de outras figuras transformativas da História, como o fundador da China moderna, Mao Tsetung, e Deng Xiaoping.
Mais de dois mil delegados do Partido Comunista Chinês presentes no Grande Salão do Povo festejaram com aplausos a proposta para incorporar a “Filosofia de Xi Jinping sobre o Socialismo de Características Chinesas para uma Nova Era” no documento fundamental do partido – uma honra que não só consagra o seu pensamento político como consolida o seu poder, prevenindo qualquer desafio à sua liderança. Como notava a editora da BBC para a China, Carrie Gracie, qualquer ameaça ao Presidente será interpretada, a partir de agora, como um risco existencial para o partido, por pôr em causa as regras e a disciplina da sua Constituição.
“Por favor levantem o braço se tiverem alguma objecção à proposta”, pediu o Congresso. “Meiyou! Nenhuma!”, gritaram os delegados, aceitando assim a nova era de Xi Jinping, o terceiro capítulo da China moderna. A primeira, representada na constituição partidária como o “pensamento de Mao Tsetung”, diz respeito à unidade do país após a brutal guerra civil; a segunda, identificada como “a teoria de Deng Xiaoping”, tem a ver com o enriquecimento da China. A Constituição contém referências a ideias de outros líderes, mas nenhum outro teve o direito de ser nomeado como uma doutrina oficial.