Loading
Associe-se

Embaixador chinês defende Huawei em Portugal e rejeita “mentalidade de Guerra Fria”

Embaixador chinês defende Huawei em Portugal e rejeita “mentalidade de Guerra Fria”
Publicado em 12 Fevereiro, 2024
Partilhar

O Embaixador da China em Portugal, Zhao Bentang, defendeu o papel da chinesa Huawei na tecnologia portuguesa e rejeitou uma “mentalidade de Guerra Fria” na questão. Os comentários surgem meses depois da Huawei ter ficado excluída do 5G em Portugal e de a empresa ter avançado com uma contestação judicial contra esta decisão.

Recorde-se que a Comissão de Avaliação de Segurança (CAS) deliberou a utilização de equipamentos e serviços que “provenham de fornecedor ou prestador” que não integre a União Europeia, a NATO e a OCDE como sendo de “alto risco”.

Em entrevista à agência Lusa, o diplomata disse que o 5G da Huawei começou em 2003 e com a empresa Altice houve uma “cooperação importante”, resultando em que Portugal disponha dessa tecnologia. E “nunca correu perigo, nunca teve problemas de confidencialidade”, frisou o diplomata, acrescentando que a cooperação na área tecnológica envolveu projetos “muito evidentes de benefício mútuo”.

“Tratar estes temas com uma mentalidade de Guerra Fria ou intervir de uma maneira forçosa é como uma violação de regras internacionais, uma violação de benefício de outros”, sublinhou Zhao Bentang.

“Não acredito que beneficie Portugal ou a China. Estamos totalmente contra e opomo-nos a isso. Sempre quisemos comunicar e coordenar para que as cooperações corram bem”, concluiu o embaixador à Lusa, na resposta a dúvidas levantadas sobre tecnologia chinesa.

Em setembro de 2023, a Comissão Europeia disse caber aos Estados-membros da União Europeia (UE) decidir que fabricantes excluir do desenvolvimento das redes móveis de quinta geração (5G).

“Desde o primeiro dia, em que pusemos em prática a chamada ‘caixa de ferramentas’ sobre o 5G, obviamente não mencionámos nenhuma empresa, mas mencionámos o risco que qualquer país deve evitar ao selecionar ou ter as suas empresas a selecionar os fornecedores e, claro, a decisão foi tomada por eles [Portugal]”, declarou o comissário europeu do Mercado Interno, Thierry Breton.

Embaixador associa relações diplomáticas a resultados “muito positivos”

As relações diplomáticas entre Portugal e a República Popular da China estabeleceram-se em 1979. Um dos pontos chave nas relações bilaterais foi a transferência de soberania de Macau, que deixou de estar sob administração portuguesa em dezembro de 1999. Apesar dos alertas sobre repressão das liberdades e garantias acordadas nessa altura, essas críticas não têm eco público pela voz de Portugal. Em 2021, o então ministro dos Negócios Estrangeiros Augusto Santos Silva disse que o Governo português “espera e conta” que a China cumpra a Lei Básica de Macau.

O embaixador chinês destacou à Lusa “a confiança sólida” entre os dois países, resultante da transferência pacífica da administração de Macau, e afirma que a “compreensão” prevalece mesmo na “mais crítica” situação global atual.

“Temos uma confiança política bastante sólida entre os dois países porque o tema do regresso de Macau à República Popular da China é um exemplo de países que resolvem o problema da soberania através de negociações pacíficas”, considerou Zhao Bentang.

Além da avaliação positiva do processo de Macau, o diplomata elencou os contactos frequentes e visitas entre governantes dos dois países. “Podemos dizer que os 45 anos [de relações diplomáticas oficiais] têm tido resultados muito positivos. E agora, frente à situação mundial mais crítica, os dois países unem-se, comunicamos e compreendemo-nos para encarar desafios e temos uma estratégia parecida de desenvolvimento da economia”.

O vice-presidente da República Popular da China visitou Portugal em maio do ano passado, cerca de um mês depois da passagem o chefe do Executivo de Macau, Ho Iat Seng, por Lisboa.

Fonte: Expresso