O IGCP – Agência de Gestão da Tesouraria e da Dívida Pública regressa esta quarta-feira ao mercado para um leilão duplo de dívida a três e onze meses, numa altura em que o ‘coronavírus’ parece favorecer o apetite dos investidores por alternativas mais conservadores, segundo Nuno Caetano, analista da corretora Infinox.

“O coronavírus poderá ter impacto no mercado. A forma como for controlado o surto influenciará o comportamento dos mercados a médio prazo”, explica o analista a Infinox, salientando que “a ‘epidemia da rota das sedas’ poderá gerar maior interesse por parte dos investidores a alternativas mais conservadoras, por conseguinte poderá ser benéfico para as emissões de dívida realizadas pela IGCP”.

O Tesouro abre duas linhas de Bilhetes do Tesouro (BT) com maturidades em 15 de maio de 2020 e 15 de janeiro de 2021 e um montante indicativo global entre mil milhões e 1.250 milhões de euros.

“À semelhança do que aconteceu no último leilão de títulos com estas maturidades, podemos esperar novamente uma procura superior à oferta, assim como um taxa média negativa”, antecipa Nuno Caetano.

No último leilão comparável, a 16 de outubro, Portugal pagou taxas menos negativas para emitir 1.250 milhões de euros, o montante máximo pretendido. O Tesouro colocou 900 milhões de euros em dívida a 11 meses, tendo pago uma taxa média ponderada de -0,45% e a procura superado a oferta em 1,74 vezes. Nas BT a três meses, o IGCP emitiu 350 milhões de euros, com uma yield de -0,475%, tendo a procura superado a oferta em 3,66 vezes.

Este ano, Portugal já emitiu dívida a curto prazo, tendo pago taxas mais negativas do que no último leilão para emitir BT a seis e 12 meses. Num leilão duplo, emitiu 1.750 milhões de euros, o montante máximo pretendido. O Tesouro colocou 1.250 milhões de euros em dívida a 12 meses, tendo pago uma taxa média ponderada de -0,482% e nas BT a seis meses emitiu 500 milhões de euros, com uma yield de -0,487%.

Segundo o programa de financiamento para 2020, o Tesouro explica que o montante das necessidades de financiamento líquidas do Estado no ano de 2020 deverá situar-se em cerca de 9,5 mil milhões de euros, com 1,3 mil milhões de euros através de dívida a curto prazo. No primeiro trimestre, o IGCP prevê angariar até 4.500 milhões de euros na emissão de dívida a curto prazo, tendo um outro leilão duplo previsto para 18 de março.

Fonte: Jornal Económico